quarta-feira, abril 30, 2008

Caminho de Santiago Trail Aventura 2008


Um Caminho em 5 Etapas...
Etapa 1: Ponte de Lima – Valença 35 kms
Etapa 2: Valença – Redondela – 35 kms
Etapa 3: Redondela – Pondevedra – 18 kms
Etapa 4: Pontevedra – Caldas de Reis – 23 kms
Etapa 5: Caldas de Reis – Santiago de Compostela – 42 kms

A chegada à Praça do Obradoiro foi emotiva, não pela adrenalina do sprint final mas pela serenidade “pós-prova”.
Deitei-me em frente da Catedral para dar descanso às pernas cansadas e sentir o calor do Sol enquanto observava o ambiente que me rodeava, é difícil de explicar o ambiente em Santiago, não sou uma pessoa religiosa mas dei por mim a reflectir sobre o verdadeiro sentido de empreender uma peregrinação a Santiago de Compostela.
Fiquei deveras assustado só de pensar na coragem que seria necessária para se dar o primeiro passo numa verdadeira “cruzada” até Santiago.

Mapa ilustrativo dos Caminhos de Santiago.

Tinha acabado de fazer 153 kms e no entanto percebi que tinha realizado apenas uma ínfima parte do Caminho realizado por muitos dos Peregrinos que me rodeavam. Quanto mais pensava no assunto mais impressionado ficava pela dimensão histórica dos Caminhos de Santiago.
Se nos tempos de hoje a simples ideia de fazer centenas de kms a pé assusta qualquer um, imagine-se na Idade Média em que ir a Santiago e respectivo Cabo Finisterre era considerado como uma verdadeira viagem até ao fim do Mundo… e regressar.

Quantos Peregrinos ao longo dos séculos terão cumprido a sua peregrinação até Santiago? Quantos meses/anos de Caminho teriam sido necessários?
Estas e outras questões deixaram-me pensativo e hoje estou arrependido por ter abandonado a Praça sem ter falado com um Peregrino para absorver um pouco da sua experiência vivida ao longo do Caminho. Sem dúvida, um aspecto a corrigir na próxima oportunidade. Algo me diz que esta não foi a última vez que me deitei à frente da Catedral de Santiago...

Para terminar, fica a citação de uma frase que encontrei e adoptei ao longo do Caminho:
Quem Caminha sozinho, concerteza chegará mais depressa, mas quem caminha acompanhado decerto chegará mais longe.”

Bons Caminhos...

segunda-feira, abril 14, 2008

15 km com o Carlos Lopes


Naaaaa, desta vez não corri ao lado do Carlos Lopes, Se bem que o homem passou por mim numa moto4 da organização. O homem ja não corre ! No entanto deixem-me que vos diga que a prova organizada pela fundação Carlos Lopes é um flop. Muito pobre para o valor que se paga ! 15 euros ! para correr 15 km. A cada km que passava pensava (la foi mais uma moedinha)

400 pessoas foi uma assistencia fraca para uma corrida que deveria estar bem mais cativante e mais bem assinalada. Até os profissionais que iam à frente para a maratona se iam enganando no percurso.

Fica para a história o marco de 1h14m para os 15 km. Tou a ver que preciso de fazer um fartlek para ver se estes tempos baixam ;)

Hoje ja fui dar uma corridita soft para afastar as dores musculares.
Como diz o outro..."Treina que isso passa" ;)

Força nas canetas e toca a empenar !

Meia Maratona na 25 de Abril com o Dean Karnazes


Pois é meus amigos, não é todos os dias que se pode dizer que corremos ao lado do mitico Dean Karnazes, o homem da ultra maratona !!! É verdade e ainda deu para trocarmos umas impressões.

Foi alguns metros a seguir à foto que voces vêm, que olhei para o tipo que ia ao meu lado separado pelo bloco central da ponte quando pensei para com os meus tenis, este gajo é-me familiar !!! Pera lá este é o Dean ! Foi precisamente nesta altura em que eu pensei em alta voz que esse tipo que ia ao meu lado se vira para mim e solta um " Hi There ".

Fiquei estupefacto, quando uns minutos atrás estava a falar dos feitos do homem a uns amigos meus que estavam a fazer a meia maratona pela primeira vez !!! Incrivel, fala-se no diado e ele ali mesmo ao lado :)

Peguntei apenas se ele estava a fazer um warm up para algum evento em grande escala, mas ele disse apenas que estava a apreciar a vista e que ia para o US ainda naquele dia.

Foi surreal estar a falar com o Dean Karnazes e milhares de pessoas ao lado dele a olharem para ele e a pensarem, mas quem raio é este gajo para lhe estarem a tirar fotos :)

Imaginem estar a dar toques na bola com o Cristiano Ronaldo e estarem pessoas ao lado a olhar para o craque e a pensarem "Quem é este tipo ?"

Foi lindo.

O dia foi culminado com a proeza de mais uma meia maratona realizada em 2h04 ! Eeeh basico !
No entanto os ultimos 5,5 Km foram feitos em 20 minutos ;)

Quem corre por gosto não cansa !

quarta-feira, abril 09, 2008

Mata-Gato

Já fui perseguido, atacado e rasteirado mas nunca tinha apanhado um destes...

Ontem, decidi ir fazer um treino soft para rolar um pouco, fazer uns alongamentos e pouco mais. Estava eu a “rolar” tranquilamente quando me aparece um cão disparado do meio do nada, com a língua de fora e com o olhar fixo na minha direcção e completamente alheio aos carros que circulavam na estrada.

Fiquei mais descontraído quando percebi que o “canito” queria apenas brincar… com aquela expressão nos olhos de entusiasmo, como se tivesse fugido de casa pela primeira vez e estivesse a descobrir um mundo totalmente novo.
Nos primeiros minutos não liguei muito ao meu novo colega de corrida, andava sempre a correr desenfreadamente de um lado para o outro, a cheirar todos os recantos e árvores por onde passávamos. Passado algum tempo, comecei a “tentar” afastá-lo, “xooo… pra trás”… gritava eu a gesticular no meio da rua mas quando mais ralhava com o bicho mais piada ele achava aquilo.

Já estávamos muito afastados do local aonde o tinha “encontrado” (ou foi ele que me encontrou a mim?) e estava a entrar numa zona altamente movimentada em termos de trânsito. Os meus receios em ver o cão debaixo de um carro começavam a aumentar pois o “mata-gato”, nome de baptismo para o meu novo colega, não parava de atravessar a estrada por tudo e por nada.
Decidi parar… talvez o “mata-gato” perca o interesse e vá atrás de alguém, pensei eu.
Nada…depois de 10 minutos a fazer alongamentos e alguns incentivos para ele dar de frosques, nada funcionava. O danado ficava a olhar para mim como se dissesse: “Então? Bora lá pá… estás aí parado a fazer o que?”
“Tu és mesmo chato pá…”, pensei eu. Decidi voltar para trás, talvez o dono estivesse à procura dele na rua/zona aonde nos encontrámos, ia fazer mais uns kms do que tinha previsto mas sempre evitava o trânsito.

Passado algum tempo o “mata-gato” já andava mais calmo, talvez pelo cansaço das correrias iniciais já corria mais tempo ao meu lado, mais calmo e mais certo. Parecia que tinha sido ensinado desde pequeno a correr ao lado do dono.
Ao longo do caminho, começava a pensar em formas de enganar ou despistar o “mata-gato” e apesar de as considerar estúpidas… tentei de tudo, inclusive mudar várias vezes o sentido de marcha para ver se ele descolava. Sem sucesso, claro…

A primeira vez que nos cruzámos com um gato, o “mata-gato” deu inicio a uma perseguição implacável ao felino. Pensei cá comigo, “…é agora caraças” e comecei a sprintar a todo o gás na direcção oposta. Já devia ir nos 800 mts de sprint e com a pulsação no red line quando começo a ouvir o som de 4 patas em alta velocidade no meu encalce. Foi como se tivesse sido apanhado pelo pelotão na recta da meta depois de uma fuga brilhante. “Foi uma tentativa estúpida mas pelo menos valeu pela série de 800 mts…”, pensei eu enquanto recuperava o fôlego e olhava para o “mata-gato” todo contente por ter perseguido um gatito.

Chegámos à zona “inicial” e obviamente que ninguém conhecia o cão. “Ohhh… que cãozinho tão giro.”, foi o única resposta que obtive.
Mais alongamentos, mais “Xooos”, mais umas figuras ridículas no meio da rua com alguns berros à mistura e o mesmo resultado de sempre. Nada….
Bem, que se lixe… tenho de ir para casa não posso andar a noite toda nisto.
Chego à zona velha de Paio Pires e entra o segundo gato em cena, a perseguição repete-se e instintivamente dou por mim a sprintar numa subida, só que desta vez, armado em “chico-esperto” entro numa rua secundária e escondo-me numa ruela escura.
- “Sou mesmo estúpido… o que é que eu estou a fazer?”.
Obviamente, não demorou muito tempo para o “mata-gato” descobrir um gajo a cheirar a cavalo no meio do escuro.
Não sei se era do cansaço mas tentar despistar um cão desta forma já era um sinal evidente de desespero. O “mata-gato” (agora percebe-se melhor o nome de baptismo) lá vinha a meu lado, todo satisfeito por mais uma “perseguição” bem sucedida.

Chego finalmente a casa, faço uns últimos alongamentos (muito alonguei hoje…) e enquanto um pastor alemão das redondezas ladrava que nem um louco, o “mata-gato”, impávido e sereno, aproveitava a pausa para se alongar no chão mesmo ao meu lado.
Foi com algum custo que fechei a porta a este meu colega de treino que me acompanhou durante tanto tempo mas não havia muito mais a fazer.
Era um cão bem tratado, robusto e com coleira, pelo que fiquei na esperança que o famoso sentido de orientação canídeo seja mais do que suficiente para ele regressar a casa em segurança. Fico na esperança, que tal como eu, simplesmente tenha dito à Patroa: “Vou ali dar uma corridinha já volto…”